Eduardo Fernandez; Marta Moraes. 2019. Handroanthus riodocensis (BIGNONIACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com registros de ocorrência confirmados na BAHIA, municípios de Jussari (Jardim 2455), Ibirataia (Rocha 69), Ipiau (Rocha 88), Potiragua (Paulino 27); ESPÍRITO SANTO, municípios de Alegre (Costa et al., 2010), Conceição da Barra (Ribeiro 663), Linhares (Folli 1227), Serra (Santos 14), São Gabriel da Palha (Lorenzi 3356), Sooretama (Zuntini 116) e MINAS GERAIS, município de Marliéria (Lopes et al., 2002). Foi documentada entre o nível do mar até cerca de 200 m.a.s.l. (Gentry, 1992).
Árvore de até 35 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Popularmente conhecida como ipê-amarelo ou pau-d'arco-flor-de-algodão, foi documentada em Floresta Estacional Perenifólia e Floresta Ombrófila Densa (Mata de Tabuleiro) associada a Mata Atlântica nos estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. Apresenta ampla distribuição, porém especificidade de habitat, AOO=76km², cinco situações de ameaça e ocorrência em habitat severamente fragmentado. Adicionalmente, possui uso e potencial valor econômico pelas propriedades de sua madeira (Lorenzi, 1992). O estado do Espírito Santo apresenta as maiores densidades absolutas de indivíduos maduros de H. riodocensis (Costa et al., 2010; De Paula, 2006; Souza et al., 2002). Entretanto, restam atualmente no Espírito Santo cerca de 11% da Mata Atlântica original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Foi coletada em localidade inserida em sistema de plantio agroforestal tipo cabruca, que suprime parte dos estratos médio e superior de formações florestais e que, após declínio, atualmente vem sendo gradativamente substituída por cabrucas com espécies exóticas para sombreamento do cacau (Rolim e Chiarello, 2004). Grandes extensões de pastagens e cultivos em larga escala predominam ao longo da distribuição de H. arianae (Lapig, 2019); adicionalmente, o Espírito Santo é o sexto estado da federação com a maior área de floresta plantada (Ibá, 2015). Além disso, Linhares está entre os maiores produtores de cana-de-açúcar do país, cujos plantios iniciaram-se a partir da década de 1980 e substituíram as florestas nativas e áreas de tabuleiros (Mendonza et al., 2000; Oliveira et al., 2014; Pinheiro et al., 2010; Tavares e Zonta, 2010). Os municípios de ocorrência sofreram perdas acentuadas de vegetação nativa: Jussari (BA) 95%; Alegre (ES) 90%; Linhares (ES) 85% (320 ha somente entre 2010-2011); Sooretama (ES) 60% (Aqui tem mata?, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Assim, infere-se declínio contínuo em AOO, extensão e qualidade do habitat e possivelmente no número de subpopulações e indivíduos maduros. Assim, foi considerada "Em perigo" (EN) de extinção novamente. Devem ser incentivadas ações de pesquisa (distribuição e censo populacional) e conservação (in situ e ex situ, inclusão em Plano de Ação e Planos de Manejo) para garantir sua perpetuação na natureza.
A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Em Perigo" (EN) na Portaria 443 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação re-acessado após 5 anos da última avaliação.
Ano da valiação | Categoria |
---|---|
2012 | EN |
Descrita originalmente na Flora Neotropica por Gentry em Tabebuia, a espécie foi recomebinada recentemente sob o gênero Handroanthus na obra Systematic Botany 32: 664. 2007. Popularmente conhecida como "ipê-amarelo" ou "pau-d'arco-flor-de-algodão". Diferencia-se de H. serratifolius pela corola mais escura quando seca, cálice mais glabro, entre outros caracteres florais, e por ocorrer em habitats distintos (Gentry, 1992).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
---|---|---|---|---|---|
1.1 Ecosystem conversion | 1 Residential & commercial development | past,present,future | national | very high | |
Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). | |||||
Referências:
|
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
---|---|---|---|---|---|
1.2 Ecosystem degradation | 2 Agriculture & aquaculture | habitat,occurrence | past,present | regional | high |
Perda aproximada de vegetação nativa nos municípios onde a espécie ocorre: Jussari (BA) - 95%; Alegre (ES) - 90%; Linhares (ES) - 85% (320 ha somente entre 2010-2011); Sooretama (ES) - 60% (Aqui tem mata?, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). | |||||
Referências:
|
Ação | Situação |
---|---|
1.1 Site/area protection | on going |
Foi registrada dentro dos limite das seguintes Unidades de Conservação (SNUC): ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ESTADUAL MESTRE ÁLVARO, PARQUE ESTADUAL DO RIO DOCE, FLORESTA NACIONAL DE RIO PRETO e RESERVA BIOLÓGICA DO CÓRREGO GRANDE e Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce, ES (Souza et al., 2002). | |
Referências:
|
Ação | Situação |
---|---|
2.1 Site/area management | on going |
A espécie ocorre em territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES) e Território Itororó - 35 (BA). |
Ação | Situação |
---|---|
5.1.2 National level | on going |
A espécie foi avaliada como "Em Perigo" (EN) e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). Deficiente de dados (DD). Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 2. | |
Referências:
|
Ação | Situação |
---|---|
5.1.3 Sub-national level | on going |
Considerada "Em perigo" (EN) pela Lista vermelha da flora do Espírito Santo (Simonelli e Fraga, 2007). | |
Referências:
|
Uso | Proveniência | Recurso |
---|---|---|
9. Construction/structural materials | natural | whole plant |
Todas as espécie pertencentes ao gênero Handroanthus apresentam enorme potencial madeireiro, pois possuem a madeira intensamente dura, de boa aplicabilidade para a carpintaria e geral e também para a construção civil. Lorenzi (1992) destaca as propriedades da madeira, de grande durabilidade natural. | ||
Referências:
|
Uso | Proveniência | Recurso |
---|---|---|
16. Other | cultivated | whole plant |
A árvore possui florescimento exuberante e muito ornamental, podendo ser utilizada no paisagismo em geral (Lorenzi, 1992). | ||
Referências:
|